A Depressão é uma doença grave que atinge um número preocupante de pessoas em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão é e será a principal doença do nosso século. Os números estimados apontam para que uma em cada quatro pessoas se confronte com esta doença em algum momento da sua vida.

Tristeza, depressividade ou depressão?

Por ser um problema de saúde pública grave, por ser a principal causa de incapacidades nas pessoas, por se manifestar e se mascarar de tantas formas, por se poder correlacionar com outras alterações nomeadamente com a ansiedade, o seu diagnóstico deve ser cuidadoso.

Tristeza não é necessariamente depressão patológica. Sentir tristeza perante um acontecimento justificável é sinónimo de Saúde Mental! Ora vejamos:

Sentir tristeza perante um acontecimento difícil, por exemplo uma perda, é sinal que temos capacidade de fazer um trabalho mental de resposta a essa perda. Nós, psicólogos, falamos em depressibilidade ou depressão reactiva ou ainda se quisermos simplificar em tristeza. Todas as pessoas passaram, passam ou vão passar por momentos de infelicidade (e é suposto que assim seja). Ainda que os sentimentos que acompanham esses momentos sejam difíceis, na tristeza sabemos que são passageiros. A depressão vai mais longe. O que podia ser passageiro instala-se de tal forma que a pessoa fica presa em si mesma sem conseguir se libertar sem ajuda especializada.

O estigma social muito presente e enraizado culturalmente juntamente com a verdadeira falta de conhecimento sobre o que é a depressão, faz com que a pessoa arraste a doença durante muitos anos. Ao contrário do que se pensa, a depressão não atinge apenas “os fracos” e muito menos é suficiente ter apenas “força de vontade” para tratar uma depressão.

A depressão define-se como uma perturbação do humor em que a sua duração e natureza dos sintomas interferem directamente com a saúde e o bem-estar da pessoa. Vivenciar o desespero de uma depressão clínica é esmagador para as pessoas. É estar, como alguns pacientes referem, no “fundo do poço”.

Por último temos o conceito de depressividade. A depressividade refere-se em concreto à existência de traços depressivos numa personalidade. É um estado crónico e latente de depressão que não depende exclusivamente das circunstâncias da vida de cada pessoa, mas sim dos elementos que compõem a sua personalidade.

Quais são então os sintomas da depressão?

• Humor depressivo durante a maior parte do dia;
• Diminuição do interesse e do prazer em todas ou quase todas as actividades;
• Perda ou aumento de peso (sem estar a fazer dieta);
• Insónia ou hipersónia;
• Agitação ou lentidão psicomotora;
• Fadiga ou perda de energia;
• Diminuição do interesse sexual;
• Sentimentos de desvalorização;
• Culpa excessiva ou inadequada (podendo ser delirante);
• Alterações de pensamento, concentração e memória;
• Indecisões constantes e sem razão de ser;
• Pensamentos acerca da morte;
• Tentativa (s) de suicídio.

E os homens também podem ter depressão?

Sim. Homens, mulheres, crianças e idosos. A expressão da doença, tal como já foi referido anteriormente é que pode se manifestar de formas diferenciadas. Regra geral, os homens têm mais dificuldade que as mulheres em aceitar a doença e levam mais tempo a pedir ajuda especializada. Por vezes, a irritabilidade, o cansaço, a insónia e a agressividade podem ser sinais de uma depressão. No entanto, a severidade dos sintomas pode ser mais elevada que nas mulheres, por isso o risco de suicídio nos homens é também mais elevado.

Um aspecto positivo da depressão é que, felizmente, esta é uma doença que tem tratamento.

Nas depressões consideradas moderadas e graves a terapêutica combinada entre antidepressivos e psicoterapia tem-se demonstrado bastante eficaz. A depressão não é apenas um desequilíbrio químico do cérebro. Se assim fosse, os antidepressivos seriam milagrosos e suficientes. A psicoterapia trata o “pano de fundo” que encobre a depressão, por isso é sobretudo a longo prazo e na prevenção de recaídas que ela é eficaz.

No processo psicoterapêutico compreende-se que a sintomatologia de um quadro psicopatológico depressivo é a expressão de um sofrimento interno inconsciente. Trazer à consciência a compreensão das origens do sofrimento emocional, torna-se crucial para reduzir a sintomatologia inicialmente apresentada e sobretudo para a mudança.

Cuide de si, valorize a sua Saúde Mental!

Primeira publicação: http://consultaclick.pt/blog/2012/01/10/depressao-considerada-a-principal-doenca-do-seculo-xxi/