O papel dos pais na educação dos filhos tem sido um assunto bastante comentado mas ao mesmo tempo nunca esgotado. Isto acontece porque não há uma receita capaz de ser seguida pelos pais quanto ao que fazer perante determinadas situações que acontecem no desenvolvimento de uma criança.

Constata-se nas consultas clínicas de orientação aos pais um interesse em fazer mais e melhor na educação dos seus filhos. De facto, os pais tentam sempre fazer o melhor que conseguem na educação dos seus filhos. No entanto, as inseguranças que fazem parte dos pais numa educação onde não há receitas a seguir, fazem com que às vezes os pais, como não são perfeitos também cometam erros. A maioria das pessoas lida mal com o erro, esquecendo-se que é através do erro que é possível fazer mais e melhor.

Não é possível crescer e aprender enquanto crianças e adultos sem ter acesso ao erro ou ao engano.

Não havendo receitas para o papel dos pais na educação de uma criança, podemos sim reflectir sobre o investimento em relações/vinculações seguras entre pais e filhos. Se imaginarmos a relação segura como uma corda que por vezes tem de suportar muito peso ou de esticar mas que não é por isso que quebra, conseguimo-nos aproximar do que se entende por relação segura entre pais e filhos.

As relações ou vinculações seguras estabelecem-se numa fase bastante precoce do desenvolvimento do bebé. É na proximidade de contacto entre mãe e bebé, que o bebé explora e se relaciona com o mundo. Quando a vinculação é segura, a criança torna-se mais confiante, mais disponível para resolver problemas que se lhe apresentem, dá mais sentido às suas experiências e é capaz de se relacionar positivamente consigo e com os outros.

Numa fase mais à frente do desenvolvimento da criança, estabelecer relações seguras entre pais e filhos é dar ao erro a oportunidade de se expressar e de se transformar em aprendizagem; é apostar nas mais variadas formas de comunicação na relação com o mundo; é permitir que a criança contacte com a palavra “Não” sem pôr em causa o sentimento que os pais têm por ela; é conseguir que a criança lide com a frustração de não poder fazer, não poder ter, não poder ir, entre outras situações, e que não deixe de comunicar com os pais por isso; é permitir que a criança desenvolva a sua autonomia (na medida das suas capacidades).

Estabelecer relações seguras é permitir que pais e filhos aprendam com os erros e desenvolvam saudavelmente o seu mundo psicoafectivo.

Cuide de si, valorize a sua Saúde Mental (e a dos seus)!

Primeira publicação: http://www.megabebes.pt/megabebes/index.php?option=com_content&view=article&id=103702:o-medo-do-erro-na-educacao-dos-filhos&catid=3:familia&Itemid=108