Em Portugal e em todo o mundo as perturbações da ansiedade e as perturbações do humor são as alterações mais comuns que ao longo dos últimos anos se tem tornado mais visível e diagnosticável ao nível da Saúde Mental. Estas são também as principais causas de baixas médicas, incapacidades permanentes ou temporárias, alterações orgânicas, entre outras.

No que se refere à ansiedade, permanecem muitas dúvidas, principalmente quando a pessoa atinge o pico máximo: o ataque de pânico.

Nas urgências hospitalares é comum o ataque de pânico confundir-se, numa primeira instância, com ataque cardíaco. Muitas vezes, a pessoa sente-se ridicularizada sem compreender o que está a acontecer porque após ter tido um ataque de pânico, recebe a informação de que “não tem nada”. Pior do que “ter” alguma coisa que seja visível, é de facto, “não ter nada”. “Não ter nada” é negar que existe vida mental, ou seja, é negar que a mente articula-se com o corpo e que este depende dela. Nestas situações, a mente acaba por conduzir o corpo ao pânico. Os sintomas de um ataque de pânico são bastante severos ao ponto da pessoa pensar que vai morrer. Dura cerca de 10 minutos, durante os quais surgem a maior parte destes sintomas:

  • Palpitações;
  • Batimentos cardíacos acelerados;
  • Dificuldade em respirar (sensação de nó na garganta);
  • Suores;
  • Tremores;
  • Dor no peito (aperto no peito);
  • Náuseas;
  • Mal-estar abdominal;
  • Ter frio ou calor;
  • Formigueiros;
  • Tonturas, desequilíbrio;
  • Sensação de desmaio;
  • Medo de perder o controlo e de enlouquecer;
  • Medo de morrer.

Durante o ataque de pânico é como se a pessoa entrasse numa outra realidade. Nesta realidade a pessoa sente a maioria dos sintomas acima identificados, atinge o seu pico máximo de ansiedade e passado uns minutos regressa aos poucos à normalidade. Este pico é variável de pessoa para pessoa. Há pessoas cujo seu pico máximo de ansiedade é a dificuldade em respirar; outras que chegam inclusive a desmaiar.

A sensação de “nó na garganta”, “aperto no peito” e o “medo de morrer” são dos sintomas mais apontados pelos pacientes. Com estes sintomas, a pessoa percorre praticamente todas as especialidades à procura de explicações orgânicas para o seu estado. Muitas vezes a psicologia, especialidade que trabalha na relação entre mente e corpo, é a última a ser procurada quando na realidade devia ser das primeiras a ser considerada.  

Uma vez terminado o ataque de pânico e devido à sua severidade, o principal medo que a pessoa tem é de voltar a ter outro. Muitas vezes, é aqui que surgem comportamentos de evitação. É frequente a pessoa evitar ir a determinados locais, deixar de fazer algumas coisas que antes fazia, deixar de conduzir, não sair à rua, deixar de trabalhar, etc.

Estas alterações da ansiedade são altamente debilitantes e interferem directamente no dia-a-dia da pessoa.

O agravamento da ansiedade está relacionado com inúmeros factores psico-emocionais. Geralmente as pessoas com níveis elevados de ansiedade vivem a vida a 100 km/h, recusam parar para pensar sobre si e têm dificuldade em expressar os seus sentimentos e emoções de forma adequada. Cria-se assim um distanciamento muito grande entre as emoções que a pessoa demonstra ter e aquelas que coabitam dentro dela.

Na psicoterapia procura-se compreender quais os factores psico-emocionais que estão associados ao pânico. Trazer à consciência quais as origens deste sofrimento emocional torna-se fundamental para reduzir e tratar a sintomatologia que é visível no ataque de pânico.

Cuide de si, valorize a sua Saúde Mental!